terça-feira, 25 de novembro de 2014

Doula: antes, durante, depois e sempre!

Escrever um pouco sobre minha experiência de gestação e parto é contar uma verdadeira jornada que a gente vai vivendo um dia de cada vez cumprindo as tarefas reservadas a cada dia, sentindo a energia de cada dia, sentindo a expansão de nosso corpo e porque não de nossa consciência.
Escuto meu coração, ao menos tento não silenciar ou negligenciar a voz da intuição, sim, aquele soar sutil feito o som que sopra de dentro das conchas do mar quando a encostamos nos ouvidos, e assim foi, lá pelo 3º, 4º mês de gestação, de uma gestação muito celebrada e querida por mim por meu companheiro e que como fora desejada pude acompanhar atentamente desde seu primeiro momento, foi neste momento com dores no quadril que senti fortemente a vontade de trabalhar meu corpo e mais que isso, de ser cuidada, havia pensado em aulas de yoga, dança para gestantes entre outras coisas, mas francamente tudo me parecia ou longe ou caro demais, ou as atividades aconteciam em horários que eu não poderia participar por conta do trabalho, este é o tipo de ocasião que me faz fechar os olhos e simplesmente confiar que vai aparecer alguém pra me ajudar, pois por sorte ou fé no meu caminho tem sido assim: confio que a pessoa certa irá se apresentar e não é que ela vem mesmo.
E deste modo, uma amiga que mora atualmente no Rio de Janeiro em breve visita em seu último dia de estadia aqui por SP comentou que havia conhecido por uma amiga uma terapeuta crânio sacral e que iria fazer terapia com ela antes de embarcar, aquilo ascendeu uma luz dentro de mim, e mesmo sem saber o que era aquela terapia exatamente, o simples fato de ser bem próximo a minha casa e ser uma prática terapêutica já me deu esperanças, nem esperei minha amiga contar como foi (de algum modo eu já sabia que se tratava de algo muito precioso), procurei pela internet, achei o blog, li alguns textos, fiquei muito feliz por ser liberada para gestantes, anotei o telefone e liguei imediatamente para a Rafaela para marcar minha primeira terapia.
Logo de cara já achei incrível a proposta dela de “pague o quanto puder”, se encaixava perfeitamente com aquilo que vinha procurando: acessibilidade, valores justos e qualidade, além de humanidade.




E desde nosso primeiro encontro num domingo a noite o que demonstra total entrega ao serviço por parte da terapeuta, me senti imensamente amparada e cuidada, de um modo tão sutil e intenso, feito o vôo de uma borboleta, pra mim terapia crânio sacral é isso: uma borboleta que vem, sobrevoa a gente, a gente suspira, relaxa, lembra das coisas maravilhosas da vida e nem percebe ela já foi embora e nos deixou assim em estado de graça que a gente até esquece como estava antes, e isso combina tanto com meu modo de tecer a vida, com as relações que procuro ter, com a delicadeza e gentileza que  procuro germinar nas relações, afeto sabe, sem essa de “tratamento profissional” que só serve pra disfarçar frieza e distanciamento, eu gosto de olho no olho, colo quentinho de mãe e aconchego de casa de vó, burocracia (cadastro, espera, preenchimento de ficha, é tudo que a gente não quer quando precisa de cuidado, não dá pra tratar sem amor, sem toque e é isso que a dita “medicina tradicional” parece não ter entendido ainda.
Sei que foi isso: essa beleza de encontro, essa menina mulher que parece fada outrora uma velha curandeira foi cuidando de gente: eu, meu companheiro, meu bebê no ventre, meus melhores amigos, os laços foram se estabelecendo e alguns limões depois ( a Rafa ganhou um monte de limão rosa e sempre compartilhava com a gente), um belo dia, ela me perguntou se eu pretendia ter uma doula, naquele momento ainda estava refletindo se faria parto domiciliar, ou na maternidade que meu plano de saúde cobriria, conheci algumas doulas, sabia de pessoas confiáveis que desenvolvem este trabalho, mas aquela voz da intuição ainda não tinha soprado nos meus ouvidos a pessoa certa, até aquele momento mágico em que tive a imediata e brilhante idéia de convidar a Rafa para esta função, respondi assim: então Rafa, eu tava pensando aqui que você tem acompanhado minha gestação e tem sido tão boa essa parceria que acho que o mais justo é você acompanhar meu parto caso tenha interesse” um marejar em seus olhos e uma explosão de alegria foram a sua resposta positiva, pois mesmo não tendo feito ainda este trabalho, não tendo acompanhado outras gestações, eu tinha a certeza de que ela estava pronta, apenas esperando a gente chegar e fazer o convite, sabe quando você já faz alguma coisa muito bem tão instintivamente que sequer percebeu, aí vem alguém e te fala: então, você poderia fazer isso (que você já faz) porque você faz tão bem e apenas não se deu conta. Este foi nosso despertar. 

E pouco tempo depois a Rafa já estava com formação oficial de doula e tudo certo pra acompanhar meu parto, que por fim decidi fazer na maternidade um parto normal sem intervenções e ela conseguiu  a verdadeira saga de se cadastrar na maternidade e receber autorização para nos acompanhar e foram muitas peripécias dentro de nossa jornada, certa vez brinquei: “porque tem sempre que ser assim tão emocionante na nossa vida” dentro do carro na 23 de maio em dia de chuva e trânsito a caminho de uma visita agendada na maternidade em que chegamos em cima da hora.
Com o parto não foi diferente, Pérola Lúcia deu seus sinais de chegada no sábado (dia do chá de bebê) e antes de arrumar tudo pro chá dei uma passada na maternidade e fui informada que aquele pequeno sangramento era o rompimento do tampão e que estava apenas com 1cm de dilatação, estava liberada pra ir pro chá tranquilamente, neste mesmo dia a Rafa chegou no fim do chá porque foi levar uma amigo que quebrou a perna pra casa, e nos ajudou com toda a organização final do espaço, eu falei brincando que arrumação de chá de bebê estava fora do pacote de serviços de doula. No dia seguinte comecei a sentir contrações de 10 em 10 minutos e eu e meu companheiro havíamos passado o dia arrumando os detalhes finais da organização do quarto e arrumado nossas malas para a maternidade, e como estavam bem ritmadas, fomos para a maternidade novamente: a mesma situação 1 cm de dilatação e a recomendação de voltar apenas quando as contrações estivessem de 3 em 3 minutos, fomos pra casa chegamos quase 4 da manhã e dormi até 11horas porque sabia que ela esta vindo. Acordei com contrações bem mais fortes de 3 em minutos, tomei banho, tentei almoçar mas não rolou muito, liguei pra Rafa que falou que sonhou que eu ligava e falava que estava com contrações mais fortes, ela pegou um taxi, veio pra casa e meu sogro nos levou a maternidade, meu marido foi direto do trabalho chegamos as 13h aproximadamente.
Chegando lá: exame de toque: 4cm de dilatação, ligam para o médico que faria meu parto:que pede pra fazer cardiotoco e procedimentos para internação. Neste decorrer tem aquela burocracia do acompanhante fazer a documentação da internação, alguns exames de toque (mas nada que se eu achasse abusivo eu não pudesse dizer não como fiz algumas vezes que achei desnecessário) algum tempo no cardiotoco, até me botarem aquele aventalzinho e finalmente eu subir pra uma sala com várias outras gestantes para aguardar a liberação da sala.
Neste momento foi muito claro como a presença da doula é essencial, pois eu estava com contrações de intensidade média, estava num grau bem suportável o que é relativo de pessoa pra pessoa eu já havia passado por experiências de dor e nestas ocasiões procurei aprender com elas a conduzir melhor a dor (mas dor é dor) e ter a Rafa ali, sorrindo, dando risada junto simplesmente conversando já me desviava muito da dor em si, eu via no rosto das outras gestantes como era péssimo estar ali sozinhas sentindo dor. E a oferta de anestesia neste momento era bem grande, as enfermeiras pareciam não acreditar mesmo que eu não queria anestesia e que estava tudo bem, eu queria mesmo é poder comer algo e tomar água isso sim, o máximo que conseguimos foi uma gelatina e um suco de caixinha.
Até o momento meu médico estava sendo informado sobre o andamento do trabalho de parto e informou que chegaria às 23h aproximadamente, quando o quarto vagou já estava escuro, entre 18 e 19h, e aí foi uma maravilha porque do contrário ao que pensei a equipe da maternidade nos deixou totalmente a vontade no quarto, pudemos colocar música  ( o que sempre me ajuda em tudo na vida!) e pude relaxar na banheira, a Rafa fez várias massagens e foi incrível, meu marido também estava lá e estava tudo certo, a esta altura  6cm de dilatação tudo fluindo naturalmente a seu tempo.
E ficamos por lá, conversando, relaxando, ouvindo música, até cantei. As contrações aumentavam e eu sentia a evolução do trabalho de parto que estava ótimo até o momento.
As 23h aproximadamente com as contrações a todo vapor o médico chegou, estava meio afobado, entrou, falou que esperava me encontrar de outro jeito (me pergunto como? gritando desesperadamente pedindo por uma cesária talvez?) colocou as luvas, sequer tirou a bolsa que trazia a tiracolo e fez o exame de toque mais doloroso que eu recebera até o momento e falou que a dilatação estava em 8cm e que demoraria, e ele voltaria mais tarde, então aproveitei pra ir mais um pouco na banheira, pedi para meu companheiro descansar um pouco e depois tirei até uns cochilos entre uma contração e outra, estava tranqüila, o que eram 2 cm pra quem estava em trabalho de parto a mais de 30h?, fui aprendendo com as contrações, o corpo é muito sábio, fiquei impressionada ... fui sacando que o lance era relaxar quando vinha a contração, me entregar praquela dor, permitir que ela me conduzisse e não ficar lutando contra ela, e sim estabelecer uma parceria com ela.
1 hora da manhã o doutor volta, entra sem bater, acende a luz em nossa cara, tento descontrair falando que como ele disse que iria demorar eu aproveitei pra tirar um cochilo, mas ele não estava muito pra brincadeira, bem diferente de todas as consultas do pré natal, que fiz com ele desde o começo da gestação, ele estava bem diferente daquele cara que recebia todas as pacientes com beijinho no rosto, se mostrava super aberto a parto normal, bem diferente do cara que fez o parto da minha amiga na maternidade e respeitou todas as vontades dela de não tomar anestesia, não induzir e não fazer episio, bem diferente do cara que eu nunca chamei de doutor porque francamente não dá pra ter essa frieza toda com alguém que vai acompanhar o seu parto, isso é algo intimo por natureza, não dá pra ser “profissional” e imparcial nestas horas, é preciso muito afeto sabe ... só que não, ignorando todas as conversas que tivemos ele veio com um papo de que eu tinha agüentado bem até agora (9 cm de dilatação) mas que o recomendado era eu tomar anestesia porque provavelmente eu estava segurando as contrações e não estava tendo dilatação e blá blá blá (como sem dilatação se a 2 horas atrás eu estava com 8cm e agora com 9cm?) e foi entrando um povo paramentado um cara preparando anestesia, falaram que os acompanhantes tinham que ficar fora da sala. Foi péssimo este momento, eu realmente estava agüentando firme, não queria tomar anestesia porque nunca tomei e seu dos riscos envolvidos e na boa a dor estava suportável (lembrava sempre da voz da minha mãe que teve 2 partos naturais e me falou com semblante calmo quando lhe perguntei sobre a dor: a dor é bem suportável e lembrava também d um texto que li e falava: pense no prazer de parir e não na dor) E mais uma vez a presença da doula foi essencial, do lado de fora da sala a Rafa falou para meu marido: eu sou apenas a doula, mas você é o marido, sabemos que ela não quer anestesia, você pode conversar com ela. E por uma graça meu marido entrou na sala e perguntou: Paula, você vai querer tomar anestesia? E eu respondi que não queria, porque se eu tinha agüentado até 9cm não queria desistir na reta final, eu queria apenas saber se esperar envolveria algum risco ao bebê ( eu sabia que não porque os registros de batimento cardíaco e movimentação do bebê estavam  super ok) e falei que tinha medo de tomar anestesia e isto interromper meu trabalho de parto e eu ter que fazer cesárea, o doutor falou: mas interrompido o seu trabalho de parto já está, (oi, como assim?)  então ele percebeu que não iria ter Cristo que me fizesse tomar anestesia aos 45 do segundo tempo e simplesmente virou as costas e foi embora, assim, sem sequer dar alguma explicação, saber se eu estava bem, sem me ouvir, falou para a equipe da maternidade: estou passando o caso para a plantonista e foi. Ficamos chocados com a falta de ética e de educação mesmo, como assim o médico que te acompanha por 9 meses te abandona assim na hora que você teoricamente mais precisa dele? E mais uma vez vem a Doula maravilha (aqui imaginem ela com uma capinha de super heroína) e seu fiel escudeiro meu maridoulo e me dão todo suporte para contornar essa situação muito desagradável (lembra do lance que escrevi falando que tem que ter emoção sempre na minha vida?... então é desse tipo de evento que estamos falando)
Chegou a plantonista que achou tranqüilo esperar o tempo que fosse necessário e respeitou o fato de eu não querer anestesia.
Neste momento ficamos apenas eu meu companheiro e a Rafa no quarto, e eles foram muito parceiros, eles que fizeram meu parto, porque ficaram ali um de cada lado segurando minha mão, me lembrando de respirar, respirando comigo ... em determinado momento a Rafa perguntou se eu queria que ela lesse algo pra mim  e me lembrei imediatamente de um texto que até então eu não sabia muito bem o porque  mais eu simplesmente havia impresso e colocado na mala da maternidade ( olha aí a voz de dentro de concha da intuição de novo me soprando)  e ela foi buscar o texto na mala, voltou dentro de poucos minutos e leu em voz muito branda o texto abaixo:

Carta da Nona Lua – O parto tem seu próprio tempo
por Flávia Penido em 09/05/2010

Sinto que você está chegando, meu corpo vem me dando seus sinais. Foram nove meses de comunhão, dias melhores, outros piores, agora chegam ao fim. Quem venha com o tempo, que venha com a lua, que venha! Já te aguardo, te pressinto. Confesso para ti, somente para ti, confesso que já me sinto ansiosa pela sua chegada. Meu corpo todo sente o seu peso, e já está tão difícil mover quanto ficar quieta.
Respiro fundo e suspiro, nascer é tempo sem hora.Aguardo você sentir-se pronto, pronto para respirar por si só. Saiba que eu mesma já me sinto inteiramente pronta. Durante os nove meses eu estive ocupada, sim, eu sei. Também durante nove meses eu me acostumei à sua presença em mim. Tive bastante chance de me preparar, a mente teve seu tempo de absorver as mudanças que trará para minha família. Sinta-se desejado e amado, meu bebê, por todos nós. Desejo-te.
Pressa? Não eu não tenho pressa, para que andar depressa? Quero que venha, mas que venha na sua hora. Não existe hora marcada, não marquei na agenda. Sem nenhum compromisso, que seja pelo nosso desejo mútuo.
Quando meu corpo e você estiverem em trabalho parto, vamos nos repartir, você vai partir para uma nova jornada, é uma viagem intensa, procure a luz, procure o caminho que te ofereço em meu corpo.Não tema essa viagem, porque estou sempre contigo. Despeço-me da barriga linda e grande, você se despede do interior do meu corpo. Mas nos encontramos aqui deste lado, em uma nova e longa aventura. Começa em um grande deleite. Sinta o amor que confirmo ao colocar minhas mãos em meu ventre, sinta o calor que emana. Este calor destas mãos você vai sentir aqui fora. Pode vir, garanto que estou aqui.
Sem pressa para essa viagem, criança, sem pressa. Venha surfando em onda esplêndida, venha no ritmo que imprimimos juntas, somente nós duas. Você e eu temos todo o tempo, todo o espaço para essa caminhada. Temos bola, temos água, temos de tudo! O tempo e espaço do parto é nosso, só nosso. É o meu parto e o seu nascimento. A dinâmica será somente nossa e sem artifícios exteriores, creia em mim, eu lhe prometo que será nossa e de mais ninguém. Como estou tão segura? Por que desta vez eu fiz as escolhas que me aprazem desde o começo, ouvindo meu mais intimo desejo! Sim, você já sabe disto, eu ouvi os meus medos e procurei sua cura, procurei sanar suas carências. Impedi também que medos alheios me assombrassem.Cá estou pronta para a entrega. Ninguém vai precisar nos ajudar nessa viagem de partida e de chegada. Você pode ouvir a calma e potente batida do meu coração. Então, prepara-se e dê o sinal! Venha na lua que te escolher e venha com vontade de me ver, olhe para a luz!

Tempo e Espaço
O Parto tem seu próprio tempo
Tempo frugal, Tempo sem pressa
Tempo que se acha, Tempo que se dá
Tempo que procria,Tempo que se cria
Tempo que se cri- ança, Tempo que se cansa
Tempo que se dança, Tempo que deságua
Tempo sem mágoa, Tempo que demora
É tempo sem hora…
O parto tem seu próprio espaço
Espaço sem lugar, Espaço de esperar
Espaço que se faz, Espaço que se abre
Espaço que se tem, Espaço que contém
Espaço que se dança, Espaço que se água
Espaço que se bola, Espaço que rebola
Espaço que se embola, Espaço de ir embora
É espaço de ir, em boa hora
Tempo sem drama
Espaço de trama
Hora de criança
Lugar de mulher


Pouco tempo depois, com energia e força total quase 3 da manhã minha bolsa rompe com um liquido cristalino segundo a Rafa, o que nos afasta da possibilidade de mecônio, a plantonista é chamada, faz um exame de toque bem suave e fala: maravilha, dilatação total ... ela vai chegar, chama a equipe que vai trazendo equipamentos, trocando os lençóis enfim (tipo cena de filme) e as contrações são bem fortes, respiro e transformo essa dor em força que empurra meu bebê, e vamos juntas eu e ela em espiral nascendo, nos parindo ... a plantonista vai me guiando a fazer força ... Sinto o círculo de fogo, um arder indescritível... e ela vem: as 03:17 minutos nasce Pérola Lúcia, nasce Adriano José, nasce Paula Marcelle e nasce Rafaela Rocha: nascemos os quatro. Nossa pequena chora e sinto-me em êxtase, uma alegria sem fim, um mar de amor! ... uma enfermeira com olhos azuis assustados que vira e mexe aparecia na sala e me olhava espantada como quem não acreditava que era possível parir sem anestesia e falava: nossa mulher você é forte !!!, neste momento fala: nunca vi alguém sentir dor e sorrir !!! pois é, a vida tem dessas dores felizes, nossa dor é o que a gente faz dela: eu faço força.

Paula Marcelle Nabarreti Fernandes – 10/09/2014 -23:13h, escrevo enquanto Pérola Lúcia, uma linda recém nascida de 15 dias nascida em um lindo e desafiador parto normal sem intervenções se amamenta prazerosamente de dentro de seu sling preso a meu corpo.

GRATIDÃO!

terça-feira, 29 de julho de 2014

Pão de Beterrada

Ingredientes:

30 gramas de Fermento Biológico
2 Beterrabas grandes ou 4 pequenas
250 ml da Água Morna
5 colheres de Azeite de Oliva
2 colheres de Linhaça
1/4 de xícara de Água para a Linhaça
1 colher de sopa de Açúcar de sua preferência
1 colher de sopa de Sal de sua preferência
500 a 800 gramas de Farinha de Trigo Integral


Modo de Fazer:
Coloque as duas colheres de Linhaça em 1/4 de xícara de Água e deixe de lado.
Agora corte a Beterraba e coloque em uma panela com bastante água para cozinhar.
Misture o sal, o açúcar, o fermento e a água morna e deixe descansar. Eu usei a água onde coloquei as beterrabas, ainda morna, fica a teu critério.
Quando a Beterraba estiver pronta, bata-a no liquidificador, se necessário, coloque um pouco de água para que fique com a consistência de um purê.
Depois que a mistura anterior fermentou, mais ou menos 30 minutos, adicione o "purê" de Beterraba, o Óleo, e misture. Então, comece a adicionar a Farinha de Trigo e aos poucos sove a massa, até o ponto em que ela não grude mais em sua mão, aproveite para colocar toda a sua energia nesse momento. Deixe a massa descansar por mais 30 minutos.
Pré aqueça o fogo em 180º.
Unte uma forma, faça o formato de pão que quiser e chegamos a fase final!
O pão pode ficar de 30 a 50 minutos, dependendo do seu formato, quando você espetar um palitinho e ele não estiver "pegando" ele está sequinho por dentro e crocante por fora.
Bom apetite!


Receita baseada na receita de Pão de Batata Vegano do site Veggi & Tal:
http://www.veggietal.com.br/pao-batata/
Por um mundo com menos industriais, menos sofrimento animal, mais amor e sabor natural!

quinta-feira, 26 de junho de 2014

Barrinhas Caseiras

Aproveitando a receita que testei e foi aprovadíssima pelo controle de qualidade de amigos e pacientes, algumas perguntinhas aos queridos leitores que vieram buscá-la:

Qual a sua relação com a comida? 
Você prepara o que come? 
Você sabe o que está comendo?

Com o pouco tempo que temos e a facilidade que as indústrias alimentícias nos trazem, acabamos por não pensar o que estamos comendo ou qual o preparo dessa comida, nos distanciando do alimento que colocamos para dentro do nosso corpo. Logo, alguns valores ficam escondidos por conta dessa mecanização do alimento. Mas até que ponto esse alimento realmente consegue nos nutrir?
Há uma grande diferença entre criar uma galinha e mata-la para uma canja e tomar uma canjinha na padaria, o mesmo vale para aqueles docinhos cremosos com o leite de caixinha ao invés do leite da vaquinha da fazenda que você chama pelo nome, assim funciona para aquela laranja orgânica que você foi comprar no Pão de Açúcar e não tirou gratuitamente do pé em reverência a mãe natureza.

E se doce de leite é bom, por que não atuar no processo da vaca, do leite e do feitio desse doce para comer com mais prazer ainda?
O que realmente nos nutri? Será que o alimento que chega a você facilmente tem o mesmo valor nutricional daquele que teve em seus ingredientes o calor de suas próprias mãos?

Acho que já cheguei onde eu queria chegar, agora é hora do convite: vamos praticar uma meditação ativa dentro da nossa cozinha?
Pegue uma receita que lhe dá água na boca, pense nos ingredientes, vá busca-los da forma mais orgânica e natural possível, prepare esse alimento com o pensamento de que este é capaz de curar qualquer desequilíbrio com suas propriedade nutritivas (o amor e dedicação que você colocou nesse processo todo com certeza serão duas dessas propriedadees), e, então, coma e se possível divida o resultado com alguém. O meu resultado, divido agora com vocês!



Barrinha de Coco com Aveia

Meio Coco Seco
Meia xícara de Água
2 xícaras de Farinha de Trigo
1 xícara de Aveia em Flocos
Meia xícara de Açúcar Mascavo
Meia xícara de Açúcar Cristal
1 colher de chá de Fermento

Ligue o forno para pré aquece-lo enquanto prepara as barrinhas, fogo baixo. Misture a Farinha de Trigo, a Aveia, os Açucares e o Fermento, a parte. Bata o Coco com a Água no liquidificador. Misture esse "leite" formado no liquidificador com os ingredientes secos. Comece misturando aos poucos com a colher e, após tem colocado todo o conteúdo do liquidificador com os outros ingredientes, misture com as mãos até que a massa não grude mais em suas mãos. Estique a massa, corte no formato e espessura desejado e distribua numa forma untada apenas com óleo vegetal. A barrinha não cresce muito, mas é importante deixar um espaço entre uma e outra. O forno para assar a barrinha deve continuar baixo, mais ou menos 180º. Assim que o fundo da sua barrinha começar a dourar, ela já estará pronta para sair do forno!



Barrinha de Banana com Aveia

3 Bananas
2 xícaras de Farinha de Trigo
1 xícara de Aveia em Flocos
Meia xícara de Açúcar Mascavo
1 colher de chá de Fermento

Ligue o forno para pré aquece-lo enquanto prepara as barrinhas, fogo baixo. Misture a Farinha de Trigo, a Aveia, o Açúcar e o Fermento, a parte. Amasse as bananas em um prato a parte. Misture a banana já amassada com os ingredientes secos. Comece misturando aos poucos com a colher e, após ter colocado toda a banana com os outros ingredientes, misture com as mãos até que a massa não grude mais em suas mãos. Estique a massa, corte no formato e espessura desejado e distribua numa forma untada apenas com óleo vegetal. A barrinha não cresce muito, mas é importante deixar um espaço entre uma e outra. O forno para assar a barrinha deve continuar baixo, mais ou menos 180º. Assim que o fundo da sua barrinha começar a dourar, ela já estará pronta para sair do forno!

Dicas a mais:
Quando esticar a massa das barrinhas, você pode salpicar uma camada de açúcar mascavo ou cristal ou/e uma camada de aveia. Outra coisa é optar por ingredientes mais saudáveis para você, eu usei farinha integral e açúcar cristal demerara orgânico ao invés do açúcar branco. Esta já é a primeira oportunidade de você estreitar sua relação com a sua alimentação!

Sintam-se abraçados,

quinta-feira, 5 de junho de 2014

Capitalismo: o Medidor do seu Sofrimento

Já parou para pensar sobre o seu sofrimento e por que não pode sofrer?
É evidente que sofrer não é uma das melhores coisas para desprender o tempo, mas partindo de um príncipio que todo equilíbrio faz-se de duas partes opostas, o que seria da felicidade plena sem o sofrimento, ela realmente seria? Será realmente saudável negar todo e qualquer tipo de sofrimento?
Quando sentimos um mal estar e tomamos imediatamente um comprimido para voltar ao trabalho. Quando não desmarcamos nossos compromissos mesmo após um trauma físico, mental ou emocional, pois o tempo não para e tempo é dinheiro. Quando descobrimos que o nosso mal estar, por vezes reprimido, é um câncer. Quando batemos o carro por estarmos apressado num estado mental totalmente alterado. Quem foi que disse que o seu sofrimento não merece um tempo?
A reflexão e digestão mental dos acontecimentos é tão importante quanto a digestão dos alimentos que ingerimos.
Hoje vejo muitos pacientes sofrendo por evitar o sofrimento!
Existe uma pressão tão grande de que se deve estar bem e feliz a todo momento para enfrentar o mundo, desbravar a rotina e aparecer no quadro de funcionário do mês, que a felicidade perde completamente o seu sentido, e ao invés da felicidade ser fruto das atitudes e impressões da própria pessoa ela se torna um objetivo a ser alcançado para satisfazer as pressões exteriores.
Todo e qualquer processo de cura exige um sofrimento ou a consciência de que ele existe. O quanto, o como e o por que sofrer, cabe a experiência de vida, a vontade e ao desejo de cada um e esse sofrimento deve ser respeitado já que ninguém é capaz de ter ciência absoluta sobre a vida que não viveu. O que para um pode ser banal pode ter o poder de desmoronar o mundo do outro e colocar-se no papel de juiz do sofrimento alheio é não conseguir observar o próprio sofrimento.
Faça uma tentativa: a próxima vez que começar a sofrer, sofra. Mas sofra mesmo. Se torne consciente de seu sofrimento, queira entende-lo ao invés de ignorá-lo para voltar ao trabalho, não engula nada sem que digira antes, perceba o quão necessário é continuar sofrendo e, se já lhe bastou o tempo para a digestão, siga a diante.
Tanto para a nossa felicidade, quanto para o nosso sofrimento, não é nada saudável deixar que os outros tomem as rédias de nossas vidas. O nosso corpo é extremamente dedo duro e se há qualquer tipo de sofrimento uma reflexão se torna necessária e conversar consigo escutando pacientemente pode ser o melhor remédio.
Deixo o desejo sincero de que o meu sofrimento diante da pressão em que o sistema nos impõe tenha feito o seu papel através desse texto, que só surgiu após a digestão de situações nada felizes. Não existe necessidade de apegarmo-nos a qualquer tipo de sentimento e muito menos juga-los, bom ou ruim. Todo e qualquer tipo de sentimento é fundamental e cumpre o seu papel sendo interdependente e impermanente, há de aceitar e agradecer cada um desses presentes. Afinal, não haveria luz se não houvesse a escuridão!



Sintam-se abraçados,

sexta-feira, 9 de maio de 2014

Aceito dinheiro, limões, mudinhas, livros, pães...



   Desde que optei por trabalhar cobrando aquilo que os pacientes podem pagar, enriqueci. Essa não é a primeira vez que escrevo sobre a escolha que fiz e que pretendo trilhar pelo resto de minha vida, mas tenho sentido a necessidade de dividir alguma de minhas experiências. Muitos pacientes, independente do quanto pagam em dinheiro, sentiram a abertura e vontade de pagar um pouco mais. Resolvi colocar aqui alguns dos valores que recebi.

Limões
   "Veja, trouxe aqui limões do limoeiro da casa de minha irmã, está dando um monte!"
Esses limões mataram a sede de muita gente, tranformados em saborosa limonada. Sem contar certa vez que espantaram a gripe de um paciente que foi atendido algumas horas depois do pagamento em limões. Desde então, deixo alguns deles em nossa salinha, para pacientes gripados, é certo que com um limão são presenteados.

Mudinhas
   "Você está fazendo uma hortinha ai atrás não está? Tenho que me desfazer de algumas mudas, não quer para você? Tem algumas que são medicinais e outras não, tem temperos, também!"
Não pensei para responder! Duas partes do pagamento já recebi, foram duas viagens com o carro lotado de mudas lindas, ainda falta uma viagem. Duas dessas mudas foram para um paciente querido que se mudará em breve, com certeza essas mudinhas terão o poder de alegrar-lhe a nova casa. Entre as plantas medicinais, tem uma que é ótima para pacientes em estado de câncer e, logo, logo, entrará em ação graças as mãos abençoadas do filho de uma linda paciente que hoje cuida de nossa hortinha com o mesmo amor e carinho que cuidei de sua mãezinha.

Livros
   "Gosta de Clarice? Tenho um livro bem teórico sobre o trabalho dela, não te interessa?"
Conheço pouco de Clarice, mas tenho certa amiga que coleciona suas obras e quando a questionei sobre o livro, tive uma surpresa: "Amiga, esse eu ainda não tenho! Que alegria! Quero sim!".

Pães
   "Veja esse pãozinho integral! Vi e tive de comprar para ti!"
E esse pão, levei para uma viagem. Nessa viagem um amado e iluminado amigo comeu-o com vontade  e gratidão. E foi este amigo que contribuiu monetariamente para que eu continuasse fazendo meu curso de Terapia Ayuvédica, com a mesma vontade e gratidão como comia o pão!

   Por essa luta, por esses pacientes, por essas atitudes, continuo firme neste caminho e falando com amor da imensa riqueza que essa escolha me proporciona. É com este amor e com a gratidão de presenciar todas essas bençãos que finalizo este texto com a frase de alguém que, embora não concorde 100% com suas atitudes, me ajudou a formar alguns pensamentos:

"Não nego a necessidade objetiva do estímulo material, mas sou contrário a utilizá-lo como alavanca impulsora fundamental. Porque então ela termina por impor sua própria força às relações entre os homens."
Ernesto Che Guevara

Sintam-se abraçados por este ideal onde dividir é multiplicar!
Muita luz, muita paz e muito amor,

terça-feira, 25 de março de 2014

Marmaterapia e Terapia Crânio Sacral pelo preço que puder pagar!


Queridos, como vão?

Depois de alguns pacientes terem me perguntado a diferença entre a Marmaterapia e a Terapia Crânio Sacral, resolvi postar aqui um resuminho de cada uma delas, deixando o convite para que marquem um horário para se permitirem relaxar e serem cuidados com muito amor e respeito.


A Terapia Crânio Sacral é uma técnica de toques bem leves. Eu aplico a Liberação da Miofascia no iníco, que são alguns movimentos bem parecidos com manobras da Fisioterapia e Osteopatia, alongando um pouco as extremidades inferiores (pernas e quadril) e superiores (braços e ombros), e finalizo com o protocolo simples no crânio, essa parte é bem relaxante, estes toques leves são nos pontos onde as placas do nosso crânio de encontram. Esse estímulo manual manda mensagens nervosas para que o corpo se atente a área em questão, com isso, existe uma limpa geral no nosso sistema nervoso central, limpando o que tem de limpar e nutrindo o que tem de nutrir, auxiliando na auto cura de todos os sistemas do nosso corpo. Essa técnica é aconselhável para qualquer caso, idade e perfil. A massagem é feita com o paciente vestido, costuma durar entre 40 e 50 minutos e sempre converso um pouco antes da sessão para saber em que áreas devo focar, sendo, então, uma sessão de aproximadamente 1 hora.


A Marmaterapia tem algumas manobras parecidas com uma massagem clássica relaxante, mas o diferencial são os estímulos aplicados nos pontos Marmas. Os pontos Marmas são encontros de articulações, nervos, musculaturas e canais energéticos. Muitas técnicas como a Acupuntura e o Shiatsu baseam-se neles para seu desenvolvimento. O estímulo desses pontos proporcionam saúde e vitalidade, liberando estímulos nervosos e energéticos para as áreas que cada um deles são relacionados. Essa prática trabalha lados anterior e posterior do corpo, cuidando de todas as áreas, é feita com óleo de gergelim e, por isso, o paciente deve estar apenas de roupas íntimas que não se importe caso seja manchada. Essa técnica, diferente da Crânio, não é indicada em alguns casos, como numa gestação, quando o paciente sofreu algum tipo de lesão na pele ou está em um quadro de dores muito fortes, já que a prática completa dura em torno de 1h30 a 2 horas. O que se pode fazer em casos como estes é trabalhar em áreas específicas para o conforto do paciente.


Para mais informações:

Rafaela Rocha
(11) 97414-0248
arochadivide@hotmail.com

Sintam-se fortemente abraçados,

sexta-feira, 21 de março de 2014

Doce de Banana com Coco Seco - Alimentação Viva


Amados, como vão?
Neste sábado passado, dia 15 de Março, participei de minha primeira aula de Alimentação Viva com o querido e competente amigo Kamalanath, Gilberto Bassetto, que é Químico, Educador e Chef de Alimentação Viva. Após essa ótima aula, ele nos desafiou a experimentarmos 5 dias de Alimentação Viva. Quando eu pensava em uma dieta crua, sempre sofria por antecipação com a falta que faria o açucar presente em todos esses doces industrializados que, infelizmente,  costumo comer. Mas, resolvi deixar o sofrimento antecipado de lado e me arriscar a sofrer de verdade ou não!
Passei 3 desses 5 dias de Alimentação Viva em uma casinha na Serra e coisas maravilhosas sairam de lá, inclusive uma guacamole que foi abençoada com um limãozinho do pé que vive no quintal da casa de minha mãe. Entre eles, nasceu esse doce de banana, coco seco e sementinhas de chia e não deu espaço pra faltar nada por aqui. Então, assim como o Kamala fez comigo, divido aqui essa receita em gratidão a este grande exemplo que cruzou meu caminho e, de agora em diante, tentarei postar algumas receitas.


Doce de Banana com Coco Seco

1 Coco Seco
8 Bananas Médias
Sementes de Chia

Antes de abrir o Coco Seco, martele o Coco para que sua "carne" saia com mais facilidade. Ao tirar a a parte branca do Coco notará que ainda existirá uma casquinha marrom, com uma faquinha tire essa parte também. Isto feito, coloque a "carne" do coco no liquidificador com as bananas. Vá colocando uma a uma, dependendo da potencia de seu liquidificador, pode colocas apenas duas para que o coco seja moído e depois amassar o resto com um garfo misturando as duas pastas no final.
Então, sirva e polvilhe as sementinhas de chia por cima.

Quanto ao tipo de banana, escolha a que preferir, a Nanica costuma ser mais doce, mas são maiores, então não sei se 8 seria muito, quando fiz, usei 4 das Bananas Prata e meio Coco Seco, mas vale a pena usar a intuição e ir experimentando para ver se está doce da forma como gostaria! Eu usei a parte dura do Coco para servir e tirar a foto, consegui alimentar meus olhos antes da boca, vale a dica para os gulosos de olhos! Hehehe...

Deixo um eterno agradecimento a Mãe Natureza por ofertar um alimento tão rico e saboroso, ao querido amigo que divulga a Alimentação Viva com amor e maestria, ao devoto Hari que confecciona filtros de voal que foram fundamentais pra minha experiência e a todos que direta ou indiretamente contribuíram para que essa oportunidade aparecesse em minha vida.
Sintam-se abraçados!