quinta-feira, 5 de junho de 2014

Capitalismo: o Medidor do seu Sofrimento

Já parou para pensar sobre o seu sofrimento e por que não pode sofrer?
É evidente que sofrer não é uma das melhores coisas para desprender o tempo, mas partindo de um príncipio que todo equilíbrio faz-se de duas partes opostas, o que seria da felicidade plena sem o sofrimento, ela realmente seria? Será realmente saudável negar todo e qualquer tipo de sofrimento?
Quando sentimos um mal estar e tomamos imediatamente um comprimido para voltar ao trabalho. Quando não desmarcamos nossos compromissos mesmo após um trauma físico, mental ou emocional, pois o tempo não para e tempo é dinheiro. Quando descobrimos que o nosso mal estar, por vezes reprimido, é um câncer. Quando batemos o carro por estarmos apressado num estado mental totalmente alterado. Quem foi que disse que o seu sofrimento não merece um tempo?
A reflexão e digestão mental dos acontecimentos é tão importante quanto a digestão dos alimentos que ingerimos.
Hoje vejo muitos pacientes sofrendo por evitar o sofrimento!
Existe uma pressão tão grande de que se deve estar bem e feliz a todo momento para enfrentar o mundo, desbravar a rotina e aparecer no quadro de funcionário do mês, que a felicidade perde completamente o seu sentido, e ao invés da felicidade ser fruto das atitudes e impressões da própria pessoa ela se torna um objetivo a ser alcançado para satisfazer as pressões exteriores.
Todo e qualquer processo de cura exige um sofrimento ou a consciência de que ele existe. O quanto, o como e o por que sofrer, cabe a experiência de vida, a vontade e ao desejo de cada um e esse sofrimento deve ser respeitado já que ninguém é capaz de ter ciência absoluta sobre a vida que não viveu. O que para um pode ser banal pode ter o poder de desmoronar o mundo do outro e colocar-se no papel de juiz do sofrimento alheio é não conseguir observar o próprio sofrimento.
Faça uma tentativa: a próxima vez que começar a sofrer, sofra. Mas sofra mesmo. Se torne consciente de seu sofrimento, queira entende-lo ao invés de ignorá-lo para voltar ao trabalho, não engula nada sem que digira antes, perceba o quão necessário é continuar sofrendo e, se já lhe bastou o tempo para a digestão, siga a diante.
Tanto para a nossa felicidade, quanto para o nosso sofrimento, não é nada saudável deixar que os outros tomem as rédias de nossas vidas. O nosso corpo é extremamente dedo duro e se há qualquer tipo de sofrimento uma reflexão se torna necessária e conversar consigo escutando pacientemente pode ser o melhor remédio.
Deixo o desejo sincero de que o meu sofrimento diante da pressão em que o sistema nos impõe tenha feito o seu papel através desse texto, que só surgiu após a digestão de situações nada felizes. Não existe necessidade de apegarmo-nos a qualquer tipo de sentimento e muito menos juga-los, bom ou ruim. Todo e qualquer tipo de sentimento é fundamental e cumpre o seu papel sendo interdependente e impermanente, há de aceitar e agradecer cada um desses presentes. Afinal, não haveria luz se não houvesse a escuridão!



Sintam-se abraçados,

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